Yoga para Hipertensos
Toda vez que a nossa mente percebe algum desafio ou perigo, ela passa uma mensagem para o corpo desencadeando uma resposta de estresse que se traduz no aumento do fluxo sangüíneo, trazendo mais oxigênio e nutrientes. Nosso corpo nos ajuda a suprir essa demanda, aumentando os batimentos cardíacos e elevando a pressão arterial proporcionando, dessa forma, mais energia para superar os momentos difíceis.
O estresse da vida moderna faz com que o corpo acredite estar constantemente enfrentando desafios. Ao nos sentirmos constantemente ameaçados por um perigo, imaginário ou real, nosso corpo responde, mantendo a pressão arterial elevada, resultando, assim, em hipertensão.
Este ritmo estressante, juntamente com a resposta do nosso corpo em se adaptar a ele, cria a situação atual, em que a hipertensão arterial tornou-se quase uma epidemia.
“A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é designada como uma doença subterrânea, pois a doença evolui silenciosamente, sem que a pessoa se dê conta, de maneira que só que está doente quando os sintomas se intensificam ou aparecem outros problemas relacionados a ela, como dores de cabeça intensas, problemas renais e colesterol elevado” explica Danilo Santaella, PhD em Fisiologia respiratória e Especialista em Yoga.
A causa da HAS é difícil de ser determinada por se tratar de uma doença multifatorial: estresse prolongado, excesso de sal na dieta, sedentarismo, tabagismo, alcoolismo e obesidade. Hoje, em dia, estes fatores estão presentes na vida da maioria das pessoas. Além dos medicamentos, o tratamento convencional da hipertensão inclui mudanças de hábitos, entre os quais, exercícios físicos, alimentação saudável, relaxamento, meditação e Yoga. “Hoje em dia, muitos médicos vêm prescrevendo relaxamento, meditação e Yoga por terem tido a sua eficácia investigada e comprovada cientificamente. Estas práticas são eficazes, principalmente por alterar um padrão comportamental que pode estar ligado à gênese da hipertensão, ou seja, a natureza ansiosa e hiperreativa das pessoas frente a problemas” acrescenta Danilo, que também é professor do Curso de Pós Graduação em Yoga da UniFMU, e da Universidade Gama Filho.
As Ilusões que Causam Estresse e Hipertensão
Na natureza, quando o leão sente fome, busca o seu alimento e luta por ele. A resposta do estresse produz a energia necessária para que o leão consiga o seu almoço. A resposta do estresse também é ativada no animal que está sendo caçado: ou ele corre, ou se torna o alimento do leão! Este tipo de estresse é natural e saudável, porque após haver saciado sua fome ou escapado do leão, os animais retornam ao estado de relaxamento. “O animal tem desejos e aversões limitados”, explica Josef Le Page, professor especialista em Yogaterapia. “Nós humanos não nos comportamos da mesma forma, isto é, temos desejos e aversões subjetivos e quase ilimitados. Assim, estamos sempre lutando por algo mais, o que produz o estresse crônico”, adverte Josef, um dos coordenadores do Programa de Yogaterapia para Hipertensos, na Montanha Encantada, em Garopaba, SC.
O nosso sistema circulatório é o componente central na resposta de estresse, porque ele consegue aumentar os batimentos cardíacos e a pressão sangüínea, necessários para fugir do leão, mas esses mecanismos foram projetados para o cenário animal, em que a demanda por energia adicional é de tempo limitado., seguido por período de descanso. Esse ritmo de atividade-descanso é essencial para a saúde. Quando em perfeito funcionamento, nosso coração se contrai durante um tempo, e relaxa no dobro desse tempo. “Nosso corpo foi projetado para este ritmo. Por isso, o ideal seria que para cada momento de estresse tivéssemos o dobro de tempo de relaxamento”, explica Lilian Le Page que, juntamente com Josef, coordena o Programa para Hipertensos da Montanha Encantada.
Terapia Ancestral
Para restaurar esse ritmo adequado entre atividade e relaxamento, o Yoga oferece um grande leque de ferramentas. Dentre essas ferramentas, o professor Marcos Rojo, da FMU, indica “a respiração lenta, em que a exalação se dá no dobro do tempo da inalação”, e acrescenta que “a meditação é um excelente tranqüilizante”. “Nem todos os asanas são indicados para a hipertensão”, adverte Marcos Rojo. “O hipertenso deve evitar as posturas invertidas ou longa permanências nas posturas, o que aumenta a pressão interna (Mayurasana, Dhanurasana, Bhujamgasana, Shalabasana)”, acrescenta Marcos. O professor alerta, ainda, que as práticas de pranayamas com retenções (kumbhakas) e uddyana bandha (contração do abdômen) não devem ser realizadas. Lilian Le Page enfatiza que as posturas com os braços elevados acima da cabeça e os movimentos do pescoço também precisam de atenção especial, sendo contra-indicados pelo menos inicialmente. Eles devem ser realizados com cuidado de forma gradual, e com plena consciência.
Vale ressaltar que a prática de Yoga não substitui o tratamento médico convencional, e que deve ser acompanhada pelo médico responsável e ministrada por um professor experiente!
(Por Equipe Montanha Encantada – Yoga Vidya Revista e programação do Centro Montanha Encantada 2010)
Lilian Le Page elaborou este roteiro de Yoga na Cadeira que faz parte do Programa Comunitário Cardio Saúde, em Garopaba/SC. Ela ressalta a importancia das pausas entre as posturas para acalmar o ritmo respiratório.
Equilibrando a Pressão
Sente-se calmamente em uma cadeira, com as palmas das mãos unidas à frente do peito. Feche os olhos, suavemente, e acompanhe o fluxo natural da sua respiração, criando espaço para a sua prática consciente. Mentalmente, formule uma intenção de equilíbrio, repetindo, três vezes: "A minha pressão arterial já está equilibrada".
1. Marjariasana(movimentos do gato) Com as mãos naturalmente apoiadas sobre os joelhos, inspire, arqueando a coluna para a frente. Ao expirar, inverta o arco da coluna. Com plena consciência, repita este movimento, em sincronia com a respiração, de três a cinco vezes. O pescoço deve mover-se com suavidade, acompanhando a curvatura natural da coluna, evitando tensionar a cervical. |
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2. Ardha Chandrasana(postura da meia lua) Com os braços ao longo do corpo inspire suavemente e, ao expirar, incline lateralmente o corpo para a direita, deslizando a mão esquerda pela lateral do tronco. Inspire retornando ao centro, e exale para a esquerda. Faça três ciclos, em sincronia com a respiração. Depois, entre na permanência para cada lado, confortavelmente, por três a cinco respirações. |
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3. Virabhadrasana II (postura do herói II) Com as pernas afastadas, gire o pé direito em direção à cadeira. Dê um passo para trás, com o calcanhar esquerdo. Ao expirar, flexione o joelho direito até que fique sobre o tornozelo, e eleve os braços até a linha dos ombros. Ao inspirar, estenda a perna direita e desça os braços. Repita esse ciclo por três vezes e, então, permaneça na postura, confortavelmente, de três a cinco respirações. Gire o corpo para o outro lado, e repita para a esquerda. |
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4. Ardha Trikonasana (meia postura do triângulo) Com as pernas afastadas, ao lado de uma cadeira, inspire elevando os braços lateralmente até a linha dos ombros. Ao expirar, incline o tronco para a direita. Inspire, retornando ao centro, e expire reclinando-se para a esquerda. Repita esse ciclo por três vezes, e então mantenha a postura para a direita de três a cinco respirações. Gire o corpo para o outro lado e repita para a esquerda. |
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6. Ardha Matsyendrasana (meia postura de rotação sentada) Sente-se de lado e, ao expirar, gradativamente, gire o tronco em direção ao espaldar da cadeira. Relaxe os ombros e mantenha a postura confortavelmente de três a cinco respirações. Repita para o outro lado. |
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7. Saithilyasandasana (postura do relaxamento na cadeira)
Acomode-se bem na cadeira. Feche os olhos, e deixe a sua respiração fluir livremente. Visualize uma cor relaxante e, a cada exalação, sinta esta cor banhando gradativamente cada parte do seu corpo, desde a cabeça até os pés. Sinta o corpo todo relaxado e, permaneça nesse estado por mais alguns instantes. Com as mãos em prece, repita mentalmente: "A minha pressão arterial está em perfeito equilíbrio". OM |






