Risco de Danos Físicos - Rosana Biondillo

12/11/2009 20:53

 

        Pode parecer lugar comum dizer isso, mas nós sempre estamos correndo riscos de danos físicos. Basta estar vivo para correr esses riscos. Certa vez Sivananda, ao ser questionado sobre os perigos da prática do Yoga, disse que em certas circunstâncias corremos mais riscos pelo simples fato de atravessarmos uma rua do que pelo fato de praticarmos técnicas específicas e sutis do vasto repertório yogik. E todos nós com certeza sabemos que o corpo físico é limitado por natureza. Mas o que também precisamos saber é que ele é altamente equipado com dispositivos de segurança que nos impõem limites e que funcionam como barreiras de proteção naturais. O fato de se tentar transpor deliberada e inesperadamente esses limites pode causar danos, e a prática de Yoga não é exceção à regra. Porém, é importante ressaltar que uma aula bem orientada e conduzida por um profissional abalizado e competente muito excepcionalmente causará danos físicos aos praticantes. Só em casos de acidentes mesmo que, como já vimos, não podem ser 100% eliminados de nenhum segmento da vida humana. Mas grande parte dos casos sobre alunos prejudicados pela prática indevida de Yoga acontecem por pura falta de formação e de informação. Explico: falta de formação qualificada e profissional por parte do professor e falta de informação e de seletividade por parte do aluno. Por isso, minha sugestão é conversar e esclarecer todas as dúvidas possíveis numa entrevista prévia entre o professor e o candidato a aluno. Mesmo que este não aceite as orientações e resolva praticar em outro lugar menos "exigente", os parâmetros profissionais de avaliação individual são imprescindíveis e indiscutivelmente trazem mais segurança a Ambos: alunos e professores.

O fator elasticidade

        Existe um aspecto que será eternamente pontual nas colocações de pessoas lesionadas pela prática indevida de Yoga: o mito que cerca a questão da famigerada elasticidade muscular. Conheço vários casos de pessoas que intencionalmente "evitam" o Yoga por puro receio de não conseguirem ter um bom desempenho no tocante aos quesitos flexibililidade e alongamento musculares. Alguns chegam a dizer que não nasceram para isso e que não têm a mínima intenção de se tornar contorcionistas...

        O fator importante aqui é esclarecer que nossas fibras musculares são elásticas e resistentes. Numa pessoa saudável e em condições normais, elas podem ser exigidas, pois têm a capacidade de se expandir e de se retrair/contrair naturalmente, mas não devem ser forçadas, pois podem se romper. Neste caso especificamente, é importante salientar que exigir é uma coisa e forçar é outra, bem diferente. Nos casos relatados, há a menção de professores que, na intenção de auxiliarem seus alunos a aprimorarem determinadas posturas, forçam, com o uso das mãos e também com o peso parcial do próprio corpo, sua permanência nestas mesmas posturas. Nesses casos, os limites físicos naturais de proteção do praticante estão sendo excedidos pelo ato de forçar que vem de fora e é realizado por uma outra pessoa. E embora em alguns institutos de Yoga na Índia esse procedimento seja de fato uma realidade, no Ocidente essas atitudes são altamente questionáveis e merecem mais atenção por parte dos legítimos profissionais da área. Como também, a meu ver, merecem uma atenção ainda maior por parte dos praticantes conscientes, que devem zelar por sua própria integridade física. Confiança nos ensinamentos do professor é muito importante e auxilia no desenvolvimento da prática, mas a submissão inquestionável a esses ensinamentos é sinal de imaturidade e de um certo desleixo, pois ninguém melhor que o próprio aluno para saber até onde é possível alongar sua musculatura de forma segura e saudável, sem ter que correr riscos totalmente desnecessários.

        Se você já é praticante de Yoga, com certeza sabe que, numa prática de Yoga bem orientada, nossas fibras musculares são excepcionalmente bem trabalhadas pelas posturas: são tonificadas e flexibilizadas de forma gradual, progressiva e segura. E com certeza você sabe também que, com o passar do tempo e de acordo com o progresso gradual e individual, essa flexibilidade do corpo vai se expandindo para uma crescente flexibilidade de pensamentos, de atitudes e de comportamentos diante dos acontecimentos da vida. E com certeza você também sabe que o ato de forçar alguém a fazer alguma coisa não é, em si, uma atitude sensata e muito menos sensível. Por isso, minha sugestão é que tanto professores quanto alunos exigam o melhor de si mesmos, mas que nunca forcem absolutamente nada - desde fibras musculares a atitudes e comportamentos.

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